4 de jun. de 2013

Uso de tecnologia cresce entre professores, mas escola ainda enfrenta problemas



Por Rafael Romer RSS 27.05.2013 09h10 




O Comitê Gestor da Internet Brasileira (CGI.br) divulgou nesta quinta-feira (23) a terceira edição da pesquisa TIC Educação, produzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que analisa a incorporação e efeitos da tecnologia da informação na educação pública e privada do país.
Comparado com o levantamento de anos anteriores, o estudo revelou duas situações importantes: o uso mais frequente do computador e da Internet entre professores públicos, ainda que as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) não tenham sido completamente incorporadas nas escolas. Os dados revelam que 89% das escolas públicas já possuem Internet e 99% delas contam com ao menos um computador, esteja ele em funcionamento ou não.
Apesar dos avanços observados, o uso das TICs no Brasil ainda sofre com alguns problemas crônicos — um deles afeta não só essa área, mas diversas outra no país. “Temos uma grande barreira: a velocidade da banda larga ainda é um limitador”, afirmou Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos da Tecnologia da Informação e Comunicação (CETIC.br).
Segundo a pesquisa, a maior parte (32%) dos diretores de escolas públicas afirmaram que a banda disponível no local está dentro da faixa de 1 Mbps a 2 Mbps. Nas escolas particulares, a maior parte (36%) está na faixa acima de 8 Mbps.

 
O diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, apresenta a Pesquisa de TIC Educação 2012 (foto: Rafael Romer/Canaltech).



Outro dado preocupante é que 24% dos diretores de escolas públicas disseram não saber qual a banda disponível na sua escola, mostrando que, muitas vezes, a infraestrutura está disponível, mas não se sabe como utilizá-la. Ainda assim, 73% dos professores, 78% dos diretores e 71% dos coordenadores de escolas públicas afirmam que a baixa velocidade de conexão é um dos principais motivos para que o uso das TIC no processo pedagógico não avance mais.
Mesmo com o avanço, a falta de computadores também é citada como um problema por professores. Na escola pública, 79% deles acreditam que o número de computadores disponíveis é insuficiente e que isso dificulta o uso das ferramentas 
para fins pedagógicos. Atualmente, há uma média de 21 computadores de mesa disponíveis em escolas, mas em média, apenas 18 destes estão funcionando.

TICs entre professores
Quando levado em conta apenas a categoria dos professores, o levantamento apontou que o acesso à internet já é quase universal entre estes profissionais. 92% dos docentes de escolas públicas afirmam possuir conexão à Internet em casa, contra 95% dos profissionais do setor privado. O número é inclusive superior à porcentagem brasileira de profissionais de nível superior que usaram a internet nos últimos três meses, que fica atualmente em 91%.
A pesquisa mostrou ainda um crescimento no número de professores que possuem dispositivos portáteis em casa. 73% dos profissionais do setor público já possuem computadores de mesa e/ou computadores portáteis. Pela primeira vez, os tablets também apareceram na pesquisa, presentes em 8% dos domicílios de professores da rede pública.
Aumentou ainda o número de professores que levam seus próprios equipamentos portáteis para a escola, que já equivalem a metade de todos os profissionais na rede pública. Questionado pelo Canaltech, Barbosa afirmou que o fato dos professores levarem o equipamento para sala não está diretamente ligado ao uso efetivo dos dispositivos como material de apoio, mas os resultados apontam nesta direção. Apesar das indicações, a pesquisa não avaliou se os professores estão mais dispostos a permitir que alunos utilizem seus próprios dispositivos em aula, algo que seria positivo, na avaliação de Barbosa. “O professor tem que mudar o seu papel e se ver como um mediador de conhecimento”, afirmou.
Também foi observado um leve crescimento no uso de computadores dentro da sala de aula, que já acontece em 7% das escolas pesquisadas, contra 4% no ano passado. Ainda assim, os tradicionais “laboratórios de informática” permanecem como um dos locais mais comuns para a instalação dos equipamentos, em 84% das escolas. "Nós podemos ver uma possível migração do uso do computador no laboratório para a sala de aula, que é onde acontece a interação entre o aluno e o professor", afirmou Barbosa.
Entre os usos mais comuns dos equipamentos de TIC dentro da escola estão exercícios para prática do conteúdo dado em aula (67% das escolas), aulas expositivas (49%) e interpretação de textos (47%). Curiosamente, o uso menos comum dos equipamentos é para o ensino da própria operação dos computadores e navegação da internet, que acontece em apenas 2%.

Alunos conectados

Seguindo a tendência mundial de avanço dos usos dos TIC, alunos entrevistados das escolas públicas e privadas brasileiras também se mostram bem conectados. 95% já utilizaram computadores e 92% já utilizaram a internet, sendo que 46% destes o fizeram pelo celular.
A penetração de dispositivos também é bem grande entre os alunos. 67% deles possuem computador em casa. Destes, 48% possuem dispostivos portáteis, e 8% têm tablets.
Com objetivo de criar uma série de longo prazo para compreender o avanço e ajudar no monitoramento de políticas públicas de TI, a pesquisa TIC Educação foi realizada em cerca de 900 escolas públicas e privadas, escolhidas aleatoriamente nas cinco regiões brasileiras. Foram excluídas as escolas federais e as escolas rurais. Os dados serão unidos às duas pequisas anteriores, realizadas em 2010 e 2011. A expectativa é que o conteúdo qualitativo do levantamento seja divulgado em 2014.

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